
Eu tenho o péssimo hábito de ler vários livros ao mesmo tempo, e assim eu acabo demorando muito pra terminar de ler qualquer um que eu tenha começado. O fato é que eu me canso fácil, então lendo dois ou três livros não me faz cansar de nenhum. E se engana quem pensa que ao final deles eu não me dedico inteiramente a nenhum, porque eu me envolvo em todos. Entre 'A Odisséia' e 'Frankenstein', eu estou lendo 'Moby Dick', um clássico escrito por Herman Melville e publicado em 1851, há mais ou menos um mês, ele é dividido em dois volumes de pouco mais de 400 páginas cada. Longe ainda do final, eu parei diversas vezes para fazer anotações (outro hábito) sobre trechos incríveis que eu encontrei. Vou reescrever alguns deles.
'Quanto a mim, vivo atormentado por um contínuo desejo de tudo o que é remoto.'
'Agitava-se um velhinho enrugado que por dinheiro vendia carinhosamente aos marinheiros, o delírio e a morte.'
'Tenha a bondade de desdizer-se dessa história de vender a cabeça, que no caso de ser verdade, a única coisa que posso pensar é que ele esteja louco e não estou disposto a dormir com um louco.'
'Extraordinariamente consciente, para um marinheiro, e dotado de um espírito reverente, o estranho isolamento de sua vida, parece antes originar-se da inteligência do que da ignorância.'
'Era uma eloquente demonstração de ações, e não um suave capítulo de sons.'
'Porque o que há de mais triste, e mais espantoso, mesmo, é a revelação da falta de valor de uma alma.'
'Apóia-me contra todas as críticas mortais, justo espírito de igualdade que espalhaste um manto real de toda humanidade sobre todos os meus semelhantes.'
Eu nunca li um livro em que eu tivesse tanto que parar para escrever. Vale a pena ler 'Moby Dick', vale muito a pena.