'transe (tran.se); (ze) sm; (der regressiva de transir); estado de subordinação do hipnotizado ao hipnotizador; (do francês transe) estado de inconsciência ou semiconsciência;'
Tem certas épocas que eu entro numa espécie de transe. A última vez, eu não me lembro quando foi, eu pedi que ninguém me procurasse, não falassem comigo durante uma semana. Eu me lembro que antes disso eu estava prestes a surtar, mas motivos reais eu nunca encontrei, eram motivos mentais. Eram não, são. Eles dão meia volta e sempre voltam. E hoje eu estou começando a sentir esse transe voltar. Eu não acompanho meus próprios pensamentos, não escuto o que me dizem, não vivo no mundo real. As pessoas estão ali na minha frente, conversando comigo, eu pego tudo que elas dizem e jogo fora, é como se ali estivesse só meu corpo e onde está minha mente? Eu não sei onde ela vai parar. Eu me desligo involuntariamente.. é como se eu fosse ali dar uma volta, volta de dias. E o pior de tudo é que eu guardo na memória quase nada. Eu guardo o jeito, os olhares, não as palavras, nem as ações. Vivo numa espécie de dejà vu constante. E é aí o início de tudo, uma ação, algo que me faça pensar, algo que tire meu sono, que quase não existe. Na verdade acabo de me dar conta o que me leva a esse estado, a saudade. E nem sempre é a saudade de algo que eu já vivi, ou ja tive. A saudade sempre vem do lado de algo indefinido acho, eu tenho saudade do que eu não sei, exatamente disso. De algo que eu sei o que é, mas não sei o que seria. Não apenas de uma coisa em si, de algumas, poucas.
Mas eu estou cansada desse clichê todo em torno da saudade, não sei se algum dia alguém realmente soube definir ela, sem toda essa ilusão e romantismo. Eu vejo tantos reescreverem sobre o amor imortal, e ao mesmo tempo eu me vejo vivendo numa sociedade hipócrita em que poucos sentem. E eu não estou apenas falando sobre o amor entre um casal, mas apenas amor, separadamente. Há uns dias atrás uma pessoa me escreveu algo que eu nunca vou esquecer, nunca: 'Sorte a minha, apaixonado pela vida.' Se um dia essa pessoa ler isso, sorte a nossa!
Enfim, eu não tenho medo de entrar pra valer nesse transe. Talvez um dia eu acabe ficando nele de vez. Eu não posso ficar pedindo todo mês para as pessoas próximas a mim me esquecerem por uma semana, quando eu me esqueço, porque um dia eu posso esquecer de me reencontrar.